O secretário-geral da ONU,Ban-Ki-moon, que havia sido franco ao declarar inicialmente que o documento final da conferência Rio+20 não era aquele esperado, pois deveria apresentar propostas mais ambiciosas, acabou sucumbindo à pressão e às queixas do Brasil pelas suas afirmações e, na última reunião com os jornalistas, elogiou o conteúdo "muito ambicioso e prático" do pacote apresentado para aprovação dos chefes de Estado, e fez questão de destacar os esforços do governo brasileiro e a liderança da presidente Dilma.Coisas da política.
Mas o jornal "Valor" resumiu numa frase o pensamento geral, escrevendo :"A Rio+20" só não é um fracasso porque a expectativa em torno dos resultados da conferência sempre foi muito baixa" .
Basicamente o texto do documento final "O Futuro que Queremos",apresentado em 49 páginas ,está cheio de boas intenções , com destaque pela explicitação da necessidade de Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que foi elogiada pelos Estados Unidos , enquanto os países em desenvolvimento apreciaram, com reservas sobre a sua redação, o fato que o princípio das "Responsabilidades Comuns Porém Diferenciadas" foi mantido no texto.Mas tudo vai depender da eficiência dos grupos de trabalho criados para definir nos próximos dois anos as etapas do chamado "desenvolvimento sustentável".
Uma das maiores derrotas impostas às minorias, obra dos Estados Unidos,Canadá,Japão,Rússia e Venezuela, foi aquela que impediu a discussão de normas para proteger dois terços do planeta criando um processo de defesa das ações predatórias que acontecem nos oceanos ,em áreas de alto mar,juntamente com a regulamentação da exploração da biodiversidade em regiões do planeta fora das jurisdições nacionais.Dois temas que ,por opostas razões, interessam países ricos e países pobres , cuja eventual discussão à procura de alguma decisão deveria ser retomada antes de 2016.Da mesma maneira caberá a uma comissão ad hoc definir até 2014 quais são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que deverão ser coordenados por um Fórum de alto nível que atuará nas Nações Unidos. Por último, entre as questões mais importantes que ainda não foram definidas está a distribuição mundial dos recursos que os países desenvolvidos deverão destinar aos mais pobres,tendo sido reconhecido que atualmente a erradicação da pobreza é o maior desafio mundial .
Não faltaram as boas intenções no documento final,mas pouco foi dito para definir como executa-las.Ao ponto de as ONGs afirmarem : " A Rio+20 virou um fracasso épico".
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