domingo, 12 de agosto de 2012

MINISTRO FALANDO DE TURISMO

Gastão Vieira ,Ministro do Turismo, deve ter reunido seus melhores colaboradores para com eles juntar inputs válidos para a elaboração de um artigo para a "Folha de S.Paulo".Desse esforço coletivo, pois careciam ao novo ministro conhecimentos e visão suficientes dos problemas do turismo brasileiro, foi elaborado o texto "Turismo, importante vetor da economia brasileira", que relata alguns fatos mas também levanta adiantamentos sobre os efeitos que medidas de natureza econômica deverão produzir nas atividades turísticas do país. O ministro, ou quem por ele,enfatiza que em 2011 o turismo nacional "cresceu 6%, o dobro da média mundial", sem explicitar as razões da performance, que basicamente foram identificadas pelos economistas como decorrentes da suposta passagem de centenas de milhares de brasileiros das classes D e C para a B.Um pulo e tanto, favorecido pela política social do governo à favor das classes mais sacrificadas. Mas não deveria ser ignorado que o maciço ingresso de novos viajantes no turismo comportou para eles compromissos financeiros que, por não ter sido totalmente cumpridos,destabilizaram os balanços dos bancos e por enquanto não poderão ser totalmente repetidos.Sem contar os obstáculos que poderão surgir devido à difícil conjuntura econômica do país. Esse crescimento do turismo, que no ano passado representou cerca de 3,6% do PIB nacional, segundo estimativas do IBGE,foi propiciado pelas melhorias salariais e não por medidas ad hoc,quais a "gestão descentralizada" do turismo citada, que na realidade sempre existiu e teve ocasiões para demonstrar no passado sua ineficiência. De fato, como já foi evidenciado por nós,na última década o turismo internacional para o Brasil não cresceu e, no sentido contrario, houve um aumento enorme do deficit causado pelos gastos de turistas no exterior.Em junho deste anos eles já superaram os US$ 10 bilhões, enquanto os visitantes estrangeiros deixaram no país pouco mais da terceira parte desse valor. O ministro fala de integração com Estados e municípios, de investimentos que "nos últimos anos ultrapassaram R$ 10 bilhões", além de "ter previsto orçamento de R$ 2 bilhões para essa área em 2012". E elenca as isenções e facilidades que estão sendo ou serão concedidas a vários setores da economia turística, pelas quais "como contrapartida, o governo espera a redução da tarifa final ao consumidor - medida que será fundamental para estimular brasileiros e estrangeiros....".Mas a espera sem controles prévios de algo "fundamental" é um risco, sendo possível que apesar de todas as desonerações se repitam casos como os acontecidos com o valor que estava sendo cobrado pelas reservas hoteleiras dos delegados da conferência Rio+20. Nos últimos parágrafos do texto assinado por Gastão Vieira não faltam idéias originais e propósitos governamentais para incrementar o turismo nacional,mas no final, após ler que o objetivo é que o Brasil "ocupe um lugar entre as três maiores economias do turismo mundial em 2022" , surge a suspeita de que, parafraseando o titulo de um drama de Nélson Rodrigues, "todo excesso de otimismo será castigado".

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