terça-feira, 25 de dezembro de 2012

AS FANTASIAS AÉREAS DA EMBRATUR

Desde que foi empossado no cargo de presidente da Embratur (o verbo, que significa também apoderar-se ,bem define sua surpreendente ascensão) Flavio Dino pouco tem realizado,mas muito tem dito para confirmar que não entende de turismo e de aviação comercial.No período de cerca de um ano,tem feito alguns comentários óbvios sobre os transportes aéreos, enquanto a Embratur continua ignorando que o turismo receptivo não anda,por falta de promoções e de promotores que, no país e no exterior,divulguem uma imagem do Brasil atraente, para os viajantes do globo,sempre à procura de novos e fascinantes destinos onde transcorrer suas vacaciones . Desta vez, aproveitando a conjuntura favorável propiciada pelas festas de fim de ano, ele decidiu divulgar uma sua proposta que, em nome da Embratur,pretende levar ao governo.Com ela, se fosse aprovada,as empresas aéreas da América do Sul poderiam realizar voos domésticos no Brasil,para contribuírem à redução das tarifas e com isso estimularem "o turismo de brasileiro dentro do país" que de fato é atualmente pouco atrativo devido também ao custo elevado das passagens aéreas. É provável que ele ignore que o tipo de transporte que a Embratur estaria promovendo é uma das chamadas liberdades do ar menos apreciadas pelas empresas aéreas nacionais, que a admitem somente em condições de reciprocidade,quando- como acontece na Europa - algumas companhias podem embarcar passageiros residentes no exterior, para onde elas voam ,de uma para outra cidade desse país.São chamados de voos de cabotagem e é notório que eles interessariam empresas como a American ou a Delta,para com um só voo servirem duas cidades brasileiras.Mas para que essa liberdade vigorasse no país seria necessário mudar um dos artigos da Código Brasileiro de Aeronáutica e, com isso, ameaçar a sobrevivência das poucas aéreas que ainda voam no país.Sem contar que, se na Europa um voo da Air France,da Ryanair ou da Lufthansa pode ser atraente para o turista de outro país, nada de parecido é oferecido na América do Sul, onde a Lan Chile já está comprometida com a Tam, e as restantes empresas raramente ofereceriam aeronaves modernas e horários atraentes. É verdade só parcialmente, como afirma o presidente da Embratur, que quando compara o "preço de viajar dentro do país o brasileiro prefere ir para a Europa", pois em geral esse viajante potencial não é um verdadeiro turista, mas alguém que prefere o "mercado das pulgas" ao maior museu de Paris ou de Londres, sendo que ele viaja para adquirir objetos baratos para revender,cujo preço é ainda mais conveniente nos Estados Unidos. No final de suas declarações Flavio Dino anuncia que em 2012 a entrada de turistas no Brasil deve ter aumentado de aproximadamente 5% (ou seja ainda não alcançou os 6 milhões de pessoas),enquanto os brasileiros que viajaram rumo ao exterior "cresceram aproximadamente 15%",superando supostamente os 3 milhões.E encerra achando que com mais aviões de empresas estrangeiras haverá aumento da oferta "em um momento em que o governo pretende expandir o número de aeroportos".Não confirmou que eles serão 800, nem esclareceu que por serem regionais não serviriam para atender voos internacionais.

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