sábado, 17 de novembro de 2012

FICOU COM SAUDADES DA PANAIR

Luiz Carlos Merten escreveu para "O Estado de S.Paulo" um texto brilhante, relatando seus problemas de embarque num voo da Tam, por ocasião do retorno de uma viagem ao Rio onde foi para conversar com os autores da comédia "Até que a sorte nos separe",um sucesso de bilheteria já com quase 3 milhões de espectadores.Junto com várias outras considerações,ele falou das peripécias da viagem de volta,como segue: "(...)Na volta, o aeroporto fechou (o Santo Dumont) e a Tam ficou cozinhando a gente até lá pelas 11 da noite (o voo deveria ter saído às 19h15). Às 11, fomos transferidos para o Galeão, com a promessa de que o voo sairia de lá. Chegamos , éramos centenas de infelizes usuários -, fizemos novo check-in e fomos informados de que voo seria à 1h30. À 1 h, surgiu um funcionário para informar que havia avião, mas não tripulantes. Nesta altura, já estava todo mundo à beira de um ataque de nervos, as pessoas com o dedo na cara dos funcionários e é curioso, de tanto levar porrada por causa da companhia, eles já desenvolveram uma cara neutra, tipo teflom, na qual a ofensa não cola (nem repercute). Apareceu até a polícia federal, muito interessada no caso, mas no que parecia uma ação intimidatória. O agente, inclusive, deixou claro que não tinha poder para pressionar a companhia, mas poderia prender a gente, em caso de quebra-quebra. Muito interessante. Não é de hoje que vocês sabem que voo Tam e Gol por necessidade, mas odeio as duas companhias, cuja ascensão – como fenômeno empresarial e de marketing – está ligada ao sucateamento das grandes companhias, a Varig à frente. Não é teoria da conspiração, mas sempre penso que se descobriria alguma coisa na quebradeira das grandes e na irresistível, vertiginosa, ascensão da Tam e, depois, da Gol. Os aviões da Tam caíam ,– não foi um ,– e a companhia disparava, em vez de ser colocada sob suspeita. A Gol, prometendo preços baratos e dando como refresco o banheiro exclusivo para mulheres ,na era do feminismo?(...) Façam-me o favor. Até cedo o lugar, por ‘cavalheirismo’, mas esse tipo de privilégio não me convence, a Gol, repito, foi outra que disparou. A companhia que oferece o pior serviço do mundo e cujos preços são competitivos para cima? Naquela noite, o agente da PF ainda sugeriu que a gente fosse no terminal 1 – estávamos no 2 do Galeão – para formalizar queixa crime contra a Tam. Era o que devíamos ter feito, mas a companhia conta com a inércia. Às 2 da manhã, e querendo voltar para casa, ninguém queria arriscar de perder o voo, se saísse. Aliás, saiu. Às 4 da manhã (3h45). Chegamos às 4h30 em Garulhos, 5h30 estava em casa (em Pinheiros), numa odisseia que começou mais de dez horas antes. Parabéns – a Tam economizou hotel para todo mundo, pagou um lanche de m…, que valia para um lugar do Galeão, o Bob’s. Eu queria outro e tive de pagar pelo meu sanduíche. Não é disso que me queixo - o pior é que isso não é a exceção. Já virou praxe nos aeroportos brasileiros. ‘O Terminal’, um grande Spielberg, ficava passando na minha imaginação. E, enquanto isso, dona Anac dormia. Admirável mundo novo.(...)

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