sexta-feira, 6 de julho de 2012

O RELATÓRIO FINAL SOBRE O DESASTRE DO AF447

O esperado relatório final sobre o desastre aéreo que há mais de três anos custou no Oceano Atlântico a vida de 228 pessoas a bordo da aeronave Airbus A330-200 da Air France, em voo do Rio de Janeiro para Paris, foi afinal divulgado pelo BEA( Bureau de Investigações e Analises), órgão do governo francês que teve o encargo de apurar o acontecido.
O texto não acusa diretamente nem a AF,nem a Airbus, mas nele fica evidente que a responsabilidade pelo acontecido deve ser atribuída em parte tanto às falhas aparentes dos comandos automáticos da aeronave, como aos três tripulantes, que pelas conversas registradas nunca teriam tido a sensação de que o A330 , em situação de estalo, estava caindo.De fato a tragédia teria começado quando o frio intenso congelou as sondas "pitot" da marca Thales, que medem a velocidade da aeronave e, como consequência, cessaram de funcionar os respectivos indicadores e houve o desligamento do piloto automático. Nessa emergência faltaram aos dois co-pilotos ( na ausência do comandante, que descansava) conhecimento técnicos suficientes para corrigir a falta de sustentação do A330, que nos três minutos e meio sucessivos precipitou nas águas do oceano.Basicamente, segundo se deduz do relatório, houve omissão da Air France ao trocar somente após o desastre a marca de suas sondas pitot , que já haviam causado problemas em outros voos, e no perfeito sistema eletrônico do A330 faltaram instrumentos para melhor orientar os tripulantes na ausência do piloto automático e evidenciar uma situação de estalo.
Mas ocorreram também falhas técnicas dos pilotos, das quais a mais grave, conforme resulta da registração dos últimos minutos de voo,foi o equivoco de tentar fazer o avião subir, quando para se sustentar ele deveria descer gradualmente dos 11 mil metros de altitude nos quais se encontrava.A responsabilidade da manobra errada foi do co-piloto mais jovem, que na dramática sequência final registrada na cabine, é ouvido afirmando ao colega que o avião estava "indo para baixo". Mas não podem ser minimizados também dois aparentes erros do comandante titular: o primeiro teria sido a sua teimosia em enfrentar a zona de tempestade, ao invés de mudar a rota do A330 com uma ampla manobra;o segundo foi ausentar-se para "descanso"  numa hora como essa ( apesar de ser previsto pelo regulamento, pois havia dois co-pilotos na cabine ), ainda mais se - de acordo com a TV americana ABC News - ele estava em companhia de uma comissária não tripulante .  E quando voltou na cabine de comando faltavam pouco mais de dois minutos para a conclusão do drama, e perguntou aos dois co-pilotos " O que diabos vocês estão fazendo ?". Após algumas respostas e perguntas confusas, pois ninguém entendia que o avião estava perdendo altura, tudo acabou.
Ainda haverá muitas polêmicas sobre o desastre, para definir as responsabilidades da Air France e da Airbus.O BEA , sem acusar diretamente ambas, reportou fatos devidamente registrados, mas deu a impressão de estar protegendo uma e outra, por estarem ligadas ao governo francês.Em suas conclusões ele divulgou também 25 recomendações , oito das quais dedicadas à formação e ao treinamento dos pilotos.
Entretanto, a Air France , na semana passada, fez um acordo com 15 famílias das vítimas,às quais ofereceu 30 milhões de reais como indenização.E para a próxima semana está sendo aguardado o veredicto da Justiça francesa , que poderá indiciar  a Airbus e a Air France por homicídios não intencionais. 
Com certeza, após a tragédia algo deverá mudar na indústria de transportes aéreos, mas o preço pago para que haja maior segurança nas emergências de voo foi elevado demais.   

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